sexta-feira, 7 de dezembro de 2012



Pode me chamar de gay, não está me ofendendo. Pode me chamar de gay, é um elogio. Pode me chamar de gay, apesar de heterossexual, não me importo de ser confundido. Ser gay me favorece, me amplia, me liberta dos condicionamentos. Não é um julgamento, é uma referência. Pode me chamar de gay, não me sinto desaforado, não me sinto incomodado, não me sinto diminuído, não me sinto constrangido.

Pode me chamar de gay, está dizendo que sou inteligente. Está dizendo que converso com ênfase. Está dizendo que sou sensível. Pode me chamar de gay. Está dizendo que me preocupo com os detalhes. Está dizendo que dou água para as samanbaias. Está dizendo que me preocupo com a vaidade. Está dizendo que me preocupo com a verdade. Pode me chamar de gay. Está dizendo que guardo segredo. Está dizendo que me importo com as palavras que não foram ditas. Está dizendo que tenho senso de humor. Está dizendo que sou carente pelo futuro. Está dizendo que sei escolher roupas. Pode me chamar de gay. Está dizendo que uido do corpo, afino as cordas dos traços. Está dizendo que falo sobre sexo sem vergonha. Está dizendo que danço levantando os braços. Pode me chamar de gay. Está dizendo que choro sem o consolo dos lenços. Está dizendo que meus pesadelos passaram na infância. Está dizendo que dobro toalha de mesa como se fosse um pijama de seda.

Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou aberto e me livrei dos preconceitos. Está dizendo que posso andar de mãos dadas com os anéis. Está dizendo que assisto a um filme para me organizar no escuro. Pode me chamar de gay. Está dizendo que reiventei minha sexualidade, reinventei meus princípios, reinventei meu rosto de noite. Pode me chamar de gay. Está dizendo que não morri no ventre, na cor da íris, no castanho dos cílios. Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou o melhor amigo da mulher, que aceno ao máximo no aeroporto, que chamo o táxi com grito. Pode me chamar de gay. Está dizendo que me importo com o sofrimento do outro, com a rejeição, com o medo do isolamento. Está dizendo que não tolero a omissão, a inveja, o rancor. Pode me chamar de gay. Está dizendo que vou esperar sua primeira garfada antes de comer. Está dizendo que não palito os dentes. Está dizendo que desabafo os sentimentos diante de um copo de vinho. Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou generoso com as perdas, que não economizo elogios, que coleciono sapatos.

Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou educado, que sou espontâneo, que estou vivo para não me reprimir na hora de escrever. Pode me chamar de gay. Que seja bem alto. A fragilidade do vidro nasce da força e do ímpeto do fogo.

Fabrício Carpinejar!

sexta-feira, 14 de setembro de 2012



Quando a vi foi como se um raio de sol tivesse me invadido, foi como se todos os astros, o destino e até as pessoas (mesmo que inconscientemente) conspirassem a nosso favor. Essas coisas acontecem tão rápido e nos arrebatam de uma forma que foge à regra, a regulamentações e não são porque a gente quis que fosse assim. Simplesmente aconteceu. E aí você deve aproveitar essa chance, meu bem. Você deve amar, re-amar, e ir continuando. Mesmo que a estrada seja tortuosa, e às vezes você pense em desistir, em achar que está insistindo sem muita fé no que faz. A gente continua porque isso de amor não se encontra fácil por aí, numa sarjeta, num bar ou numa esquina da Augusta. Não acontece de forma igual com ninguém. Ninguém ama ninguém igual ou parecido. O amor deixa latente na gente uma coisa que a gente tem com cada pessoa. É como se o que nos pertence devesse pertencer também a essa outra pessoa. Por isso a doação, por isso a paciência de esperar, a incerteza do não saber quando vai e porque vai ser.  Mesmo assim, como todos esses altos, baixos e pormenores aos quais a vida nos acomoda, eu vou continuar tentando, por você, por nós. Porque o nosso amor a gente é quem sente, e é quem vive, pequena.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Sozinha, no escuro e com frio, não sei se esse é exatamente o retrato correto, mas é o que me parece agora e eu acho que é só saudade. Tanto tempo a gente passa longe de quem a gente queria estar sempre perto, colado, tanto tempo a gente planeja fazer mil e uma coisas quando nos encontramos, mas na hora só conseguir olhar nos olhos, sentir a verdade e sorrir. Esse negócio de amor é meio indelicado, sabe? Ele invade e não tem nem aí pra o que você acha ou deixou de achar, se aquela pessoa vai atender os "parâmetros" que você utilizava para encontrar alguém. Só acontece que, em determinado momento, você cansa de procurar, e acha. Acha o improvável, o que faltava em você. Nesse meio tempo as adversidades tentam sim acabar, pôr fim a tudo. Só que quando é amor mesmo você está disposto a enfrentar e põe a armadura pra a luta diária, pra as pessoas que vão te julgar, que vão se afastar de você, e você vai vencendo tudo, pouco a pouco, como vai vivendo um dia de cada vez. E cada vez mais vai tendo a certeza de que é isso, de que a sua felicidade está sendo determinada. E se você me perguntar porque eu acho isso eu não vou saber responder, eu só peguei uma folha em branco e fui colocando tudo o que eu sentia, e os sentimentos foram se desenrolando. Eu não saberia reescrever, e daqui a vinte dias, seis meses, um ano, eu vou achar tudo isso engraçado, vou sorrir e me perguntar: "porra, porque eu fui tão babaca?" Mas eu acho que isso é parte do aprendizado também, você vai meio às cegas tentando se encontrar. Dia a dia, como um amadurecimento você sorri pra algum estranho na rua, vê um pôr-do-sol, conta uma piada sem graça, toma uma xícara de chá e vai vivendo, e vai transmitindo o que há de melhor em você, e absorvendo o que há de melhor no outro. Tem horas que tudo parece meio doído e cansativo, mas você ama, e aí tudo se revigora.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A dor e a angustia estavam quase que me enterrando viva, esses últimos dias o ócio me fez uma compahia absurda, e o sedentarismo ficou mais forte. Eu lembrei a última garrafa que tinha escondida no fundo do meu armário, fiz isso para não tornar a embriaguez minha irmã, mas não houve jeito, a recolhi hoje, e junto ao meu maço de cigarros eu sorrio contra o vento. Aprendi muita coisa também, a valorizar a vida, como Frida Kahlo o fez, quando a sua madrinha, a morte, a recolheu para junto dela e depois deu uma nova chance, mas continuou matando-a aos poucos. A gente não pode mesmo acreditar num ser cruel quanto esse, que abre a gaiola, mas prende o pássaro pelo pé, e o torna tão fraco a ponto de não conseguir fugir e se render a liberdade. Então eu pensei em como seria um suicídio, e se eu o fizesse, pulando de uma ponte por exemplo, mas eu não vejo uma ponte por perto e lugares altos me dão vertigem. Eu tomei outra dose do meu conhaque e continuei com as minhas divagações de lobo solitário, e para deleite da minha loucura e solidão, imaginei os saltos que o meu santo remédio dava só por tocar meus lábios. Quis escrever, quis tanto que não consegui. Então me saíram essas certas palavras que são tão erradas. Mas para o costume não se perder, assim como o respeito dos outros por mim, eu escrevi, e continuarei escrevendo. Até o cigarro apagar e até eu dormir sob o chão frio, só porque o sono já quer me levar para perto dele, como a morte o faz, quando não aguenta mais esperar e quer a nossa compahia de um jeito ou de outro, porque a gente só é instante.

domingo, 17 de junho de 2012

Eu acho assim, que o amor é como a lua, sabe?! Não tem luz própria e necessita ser iluminada por elementos externos. São vários, que aos poucos se completam. É um misto de paixão, desejo, muita saudade e compreensão. É um não-saber e saber que dói e que é lindo também. É uma vontade absurda de ter sempre por perto, sabendo-se que se está dentro. Foge à tudo, à qualquer fútil explicação. Só que quando esse amor é muito iluminado pelos "sóis" ele se vai aprendendo a não lidar com a distância, e então deságua em chuva. E aí agente chora por isso, mas depois ama mais, e aí o sentimento se regenera e se torna mais forte, acho. E depois de pôr pra fora toda a dor do não te ver que me rodeia eu engulo dois ou três goles de vinho, enxugo as lágrimas e digo que te amo mesmo assim, mesmo com todas essas idas e vindas que não são despedidas. 

sábado, 9 de junho de 2012

O que acontece é você estar dentro de mim, e não só no sentido lato do estar dentro, estar nas palavras, nos gestos, nos gostos e sentidos. E cresce cada vez mais, é como uma coisa que não existe, mas existe, e é como eu disse se torna maior a cada amanhecer e anoitecer, a cada palavra carinhosa dita por você, a cada sorriso e a cada dizer-se: estou com saudades. E é como se cada coisa ruim que nos acontece fizesse essa vontade de estar junto maior, de segurar a mão e mostrar que as coisas não são tão difíceis assim, de apoiar nas horas mais doídas e angustiantes. Parece que não se tem força pra conseguir enfrentar, só que pelo fato de ser você, e de eu querer você mais em mim do que já está eu abraço a causa, abraço a sua mão, abraço o seu abraço. Porque eu quero mesmo que as coisas deem certo entre nós. É como se você já me pertencesse, só que eu não sabia. Acho que é porque tinha que ser na hora certa, e por mais que a vida seja incerta, eu vou tendo cada vez mais a noção de já ter te conhecido há muito tempo, como se nós já fôssemos velhos conhecidos. E a cada vez que eu me lembro dos seus olhos e do seu sorriso fazendo par com o meu é como diz o poeta: “Nasce-se uma jardim nas minhas faces”. A saudade me escraviza cada vez mais, e me faz entregar os fatos, mareja os meus olhos quando ouço a sua voz. Eu reconheço a distância que nos separa e tenho que aceitá-la, porque como disse em alguma dessas linhas má feitas talvez, é só você que tem essa cura pra esse meu jeito e desperta o que há de mais bonito em mim.

domingo, 27 de maio de 2012

Te olhei, me olhou, e foi como se a gente já tivesse se visto
Não parecia que seria uma coisa interessante ver campos de primavera
florescerem quando olhei e você olhou nos meus olhos na primeira vez.
Você não me deu ousadia, eu não te dei.
Foi tudo meio frio e superficial, o bom e lindo é que o destino
juntou a gente num canto só, e fez eu ser só de você e você ser só de mim.
Eu não esperava, acho que você também não.
Eu sorria, você também, e tudo era feito numa cumplicidade absurda.
Eu te deixei, você me deixou.
Nos reaproximamos uns dias ou meses até depois.
Eu fazia muito planos, e você só queria estar ali.
Ali, que eu digo, perto de mim (eu acho)
Gosto de ilusões assim, reconfortam sabe.
Eu continuo falando besteiras e você me achando uma idiota, mas ri sempre.
Pra não me deixar sozinha na piada, sei lá.
Penso em você mais a cada segundo que passa, e se o dia
fosse maior eu sentiria mais o peito apertar só de saudade.
Eu gosto assim, de você sorrindo, pequena, os olhos brilhando.
E que continue assim, que essa nossa primavera (que não será trimestral, acredito) resista à todos os invernos que venha a aparecer.
Os dias realmente ficam maiores só porque você está longe de mim
A sorte me ajudou, te ajudou.
Eu tinha que aparecer agora na sua, e você na minha vida
As coisas só acontecem porque tem que acontecer
E que bom que é você, só você, que na vida vai comigo
Porque é o meu bom acontecimento, e eu sou o seu.

sábado, 19 de maio de 2012

mais uma parte. da mesma história!

Mais outro dia, outra noite (na verdade) de esperas. O frio realmente está fazendo as coisas parecerem mais difíceis. O que exalta em mim é sempre a vontade absurda de estar com alguém, ou não. A chuva caindo no telhado é a mesma que está molhando os meus dedos agora já que os pus pra fora pra sentir. Acontece que eu estou me apegando muito aos detalhes ultimamente, e pode ser que isso seja culpa do coração que está feliz. Botei um disco pra tocar, e a Billie Holiday está me enchendo de sorrisos e lágrimas. Como pode uma inconseqüente emocionar a gente assim?! Queria um cigarro, mas prometi que iria parar de fumar, não sei porque, na verdade. Tudo nessa vida é alvo de proibições, do que fazer ou não. E eu cansei mesmo disso também. Acendo o cigarro, movimento rápido o do isqueiro. A velha chama reacende, e a saudade aumenta. Abri a gaveta e achei uma foto antiga e re-comecei o sonho acordada, tudo dói. Tem dias que o antigo se torna mais nosso do que já foi, e é em dias como esse que a gente entende que a vida não é imprevisível, ela sempre está aí pra juntar as pessoas na hora certa, pra aproximá-las quando tem que aproximar. Tentei ler algumas pequenas epifanias, mas nem a leitura está prendendo a minha atenção, nem escrever na verdade. Eu tentei mesmo, mas as horas estão se arrastando, o cigarro quase no filtro, dois goles de chá na xícara (porque hoje quis meu corpo livre dos tóxicos), uma erva daninha pra alegrar o espírito, a melodia na pegada do blues, e eu, só eu, tão só eu, somente eu, compondo, me recompondo, pra recompor a minha alma, que não está ferida.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Tem dias que a gente se sente um caco, e às vezes não é só tristeza, é saudade junto. É um misto de sentimentos de 'vai acontecer, mas nunca acontece', é um não-saber o que pode ser, e o que é. Você só pensa em  se livrar dessa fossa mal-cheia, toma um, dois ou até três doses daquele uísque barato que você comprou esperando aquele certo alguém, acende um cigarro, dá dois tragos e não acha graça alguma, acende outro, mais dois tragos. É o acender e apagar da chama que é o acender e apagar da vida, você pensa nisso e acha tudo meio psicodélico, o medo volta. Acha que foram aquelas drogas sintéticas que usou aquele outro dia, mas já faz tanto tempo... Já faz tanto tempo de tudo, de que você sorriu, ou viu aquela pessoa que deixa seu coração aos pulos, que nem pipoca na panela, a ponto de  te deixar tão idiota pra te fazer utilizar-se dessas analogias ridículas. O disco da Fitzgerald está tocando, as cinzas no cinzeiro parecem gostar da melodia jazzística e dançam,  voam com o vento da sua respiração que está ali perto. Papel, caneta em mãos e ideia nenhuma chega perto. Há sempre a necessidade e há sempre o não-ter. É aquela eterna procura, aquele eterno abrir e fechar de olhos e a também eterna sensação de que se está quase bêbado, mas é só o vazio, o copo não cheio, por causa dos goles anteriores. É vontade de ver o sol sorrir e sair pra vê-lo, porque por mais que se esteja triste e bêbado e ludibriado o sol está sempre saindo, pra te ver, pra nos ver. A noite está acabando, a sensação de vazio ainda está, como o sol. Vamos mesmo sair pra vê-lo.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Confissões de uma adolescente digna de ser compreendida


“Eu sabia que iria ser difícil, sabia que iria doer nas pessoas que me amam ver que tantas outras pessoas me tratam com indiferença, apenas pelo simples motivo de eu não seguir a norma heterossexual, mas sinceramente, eu não esperava que fosse tão difícil. Tentam de toda e qualquer maneira fazer com que eu volte atrás com essa minha decisão, não querem aceitar que eu sou isso, mas eu não estou pedindo que me aceitem, só que me respeitem. Respeitem que é isso que eu escolhi pra minha vida não pelo motivo de ir contra as expectativas das pessoas, mas porque isso é a minha essência, e a minha felicidade plena está ao lado de uma outra mulher. Todos os dias eu tenho que matar um leão, tenho que falar às pessoas da não simplicidade do caso e de que não é engraçado eu ser isso que sou. Que me machuca saber que as pessoas que eu tanto esperava que me ajudassem a me aceitar não estão do meu lado, que elas mal tocam no assunto, fingem que essa não é a nossa vida, que nós não estamos inclusos nessa fogueira que a vida nos lançou. A situação está ficando insuportável. Eu não quero que me falem do quanto um homem é bonito e interessante e que ele serve pra mim, não quero saber que isso que eu estou passando é fase, porque não é. Só estão me confundindo, me dilacerando e tornando mais difícil a minha decisão, não porque eu não tenha certeza, mas porque estou com medo de ser expulsa dessa sociedade heteronormativa. Querem a igualdade entre todos, eu já percebi isso. O fato de eu me relacionar com pessoas do mesmo sexo me torna diferente, e o ser diferente amedronta, amedronta porque estão todos acostumados a viver numa redoma onde temos todos que seguir normas, regras, dogmas e leis. Eu não pedi isso, simplesmente aconteceu. Querem me afastar de pessoas me deixam ser eu, que aceitam essa minha decisão difícil e que me ajudam a perpassar por isso com mais calma e com mais consciência. Eu não sou uma ameaça, não ando pelas ruas agredindo as pessoas nem as excluindo. As pessoas olham pra mim assustadas, porque consideravelmente eu sou uma ameaça aos bons costumes. Mas eu sei que não, eu não quero ser igual, não quero seguir padrões de beleza, não quero que as pessoas, como já disse me aceitem de imediato, que levantem a bandeira do movimento pra apoiar a causa, eu quero apenas que respeitem o meu posicionamento de ser o que sou. Uma mulher que se apaixona por outra mulher, que se sente bem na companhia delas e que espera ter segurança e força para enfrentar quaisquer ventos contrários que tentem derrubar essa idéia. Eu desejo que as coisas realmente melhorem, que as pessoas entendam que isso que está acontecendo comigo não é uma forma para decepcioná-los, não é uma forma para ser a teimosa ou a ovelha negra da família, é apenas a forma de expressar o que sinto, por mais duro e complicado e doído que isso seja. Eu sou feliz por ser quem e o que sou. O medo só está fazendo esse posicionamento mais firme, mais concreto. A felicidade está batendo na minha porta e eu, sinceramente não vou deixar que ela passe despercebida. Vou roubá-la pra mim. E o tempo, que é senhor, vai aos poucos, eu acredito, viabilizar esse entendimento. Não é fácil, digo novamente. Perdi a conta de quantas noites em claro eu passei chorando esperando um simples: “não se preocupe, eu estou do seu lado” e quantas vezes isso não veio, ou nunca veio, ou nunca irá vir.” (Confissões de uma adolescente digna de ser compreendida. Luísa,19 anos, 2012, Brasil)

domingo, 8 de abril de 2012

você gosta
se sente bem
e as coisas vão
tomando um caminho
que é bom, que conforta
e aí, você fecha os olhos e só
e vai mergulhando e sentindo um
friozinho aqui, um calorzinho acolá
ninguém sabe quando e como vai sentir
porque gostar de alguem tem dessas coisas
gostar de alguém é você saber que gosta, mas
não sabe como nem porquê.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O que é ser e não ser político?!

Ano político chegou, e pra uma cidade do interior da Bahia, um interior do nordeste, ao qual a seca assola e deixa em estado de emergência, isso é tão importante quanto o ar. E tem pessoas que irão dizer que não, que são apolíticas, mas sinto informar que o apolítico não existe, o que existe é o humano como animal político de Aristóteles, só que menos interessado nas discussões em torno da política, evidentemente.  A raiz do poder está incutida no ser desde o momento do seu nascimento, não se torna político, nasce-se.
Política, definindo-a, é o exercício de diversas formas de poder, demonstrando a complexidade da discussão, porque até então o “poder” é um termo indefinido que mais tarde será indefinível. O poder não pode ser observado só em termos teóricos e abstratos, é necessário que se manifeste para ser percebido. O que se sabe é ainda muito vago para explicitar o que são as decisões e os interesses manejados por esse tal poder. 
É uma conversa acerca de que mandar é também decidir e grande parte das decisões são proferidas em prol de toda a sociedade, e no caso da cidade do interior, que citei no início, as decisões são tomadas visando também e grande parte das vezes um grupo político isolado. Geralmente uma minoria comanda uma maioria, demonstrando também o centro dessa coisa. Mesmo dissecando o termo não se afirma nada, os consensos estão fora de órbita, só se organizam as ideias. A prática do poder é cercada de interesses que culminarão em decisões. Política é exercício contínuo e involuntário, não pode simplesmente não existir, porque é a estrutura, é o esqueleto da vida em sociedade. É na verdade um termo que foge a todas e quaisquer explicações. O poder é a veia aorta da política.
Os candidatos ao exercício do poder geralmente utilizam uma linguagem simples, que também contém toques de requinte, o que não tira o mérito de ser desnuda de complicações e situações difíceis. E a conversa é tão próxima que o eleitorado acostuma-se e começa a tentar aprender a manusear a ‘política-poder’, não só no sentindo literal ou abstrato, mas no sentido real, e não também de tão perto assim, não comandando, só decidindo. Porque decidir é exercer poder também.
De uma forma ou de outra estamos todos, inclusos num círculo vicioso, porque somos sociedade e sociedade democrática. Os que visam o poder utilizam-se do contexto social político e ironizam a política. E é imprescindível que toda a massa se manifeste, não só procurando apoiar esse ou aquele ou ainda mais aquele outro grupo político, mas procurando discutir o exercício do poder, que é centro, que define e que salva várias pessoas. A vida da política não é encurtada ao ser compartilhada.

sexta-feira, 16 de março de 2012


Suponham vocês, que as coisas não e estão sendo tão fáceis assim e elas realmente não estão. Hoje já é sexta feira, mais outra, meio do terceiro mês de um ano que acabou de começar, de uma vida-história que está começando a ser escrita. Os dias são tão rápidos que às vezes parecem prolixos, mas sempre dá pra tirar coisas boas, e é o que está acontecendo. Tem sempre uma frase, num dia, um sorriso pra fazer par com o meu, um olhar também. E eu vejo que se importar se os dias passam rápido ou não, não me interessa mais, se interessar quer dizer se importar. E eu não ligo se tem que ser assim, eu estou vivendo, é isso que importa, o auge da vida vai vir absurdo é não nascer e não viver. Às vezes a gente está tão feliz com as proporcionalidades da vida que escrever para o deleite das pessoas não significa que você está contando da sua vida pra ela, você está apenas compartilhando. O que é lindo, porque ninguém vive sozinho, é impossível ser feliz e até triste.  E eu não queria passar tempo demais longe, queria estar sempre presente. Sempre demonstrando as alegrias que a vida dá. Escrever apenas uma, duas linhas já demonstra isso. Porque conteúdo é muito.