terça-feira, 26 de abril de 2011


Quando tudo aconteceu, eu adquiri as maiores forças do mundo pra ter coragem de te deixar, mas bastou você me olhar nos olhos e por mais que seu olhar não quisesse falar a verdade ele falava. Você mentiu pra mim, foi intransigente etc etc. Mas a questão é que eu não posso ouvir seu nome que perco o equilíbrio, os olhos brilham... Coisa de gente apaixonada, que inconscientemente descrevo agora. Eu não gosto muito de expor meus sentimentos, mas é que sinto que se não o fizesse iria sufocar as minhas razões. Acendo um cigarro e ponho mais uma dose tripla de conhaque, a boemia me faz transcender e esquecer um pouco de tudo, desses sentimentos nefastos e impuros pelo que considero, desacredito no amor faz tempo. Agora sinto a cabeça ficar mais leve, a ponto de eu querer desmaiar, sinto ânsia de vômito, quero me deitar, antes preciso dizer que tudo isso é culpa minha. Quem mandou eu querer me envolver assim, tudo isso partiu de mim. Só que estou tão madura ultimamente, não sei por qual motivo, mas estupefatamente agora eu sei que às vezes perder certo equilíbrio pelo que quer que seja, faz parte de uma vida equilibrada.

Carta do suicídio de Kurt Cobain

Falando como um simplório experiente que obviamente preferiria ser um efeminado, infantil e chorão. Este bilhete deve ser fácil de entender.

Todas as advertências dadas nas aulas de punk rock ao longo dos anos, desde minha primeira introdução a, digamos assim, ética envolvendo independência e o abraçar de sua comunidade, provaram ser verdadeiras. Há muitos anos eu não venho sentindo excitação ao ouvir ou fazer música, bem como ler e escrever. Minha culpa por isso é indescritível em palavras. Por exemplo, quando estou atrás do palco, as luzes se apagam e o ruído ensandecido da multidão começa, nada me afetava do jeito que afetava Freddie Mercury, que costumava amar, deliciar com o amor e adoração da multidão – o que é uma coisa que totalmente admiro e invejo.

O fato é que não consigo enganar vocês, nenhum de vocês. Simplesmente não é justo para vocês e para mim. O pior crime que posso imaginar seria enganar as pessoas sendo falso e fingindo que estou me divertindo 100 por cento. Às vezes acho que eu deveria acionar um despertador antes de entrar no palco. Tentei tudo que está em meus poderes para gostar disso (e eu gosto, Deus, acreditem-me, eu gosto, mas não o suficiente). Me agrada o fato de que eu e nós atingimos e divertimos uma porção de gente. Devo ser um daqueles narcisistas que só dão valor às coisas depois que elas se vão. Eu sou sensível demais. Preciso ficar um pouco dormente para ter de volta o entusiasmo que eu tinha quando criança.

Em nossas últimas três turnês, tive um reconhecimento por parte de todas as pessoas que conheci pessoalmente e dos fãs de nossa música, mas ainda não consigo superar a frustração, a culpa e a empatia que tenho por todos. Existe o bom em todos nós e acho que eu simplesmente amo as pessoas demais, tanto que chego a me sentir mal. O triste, sensível, insatisfeito, pisciano, pequeno homem de Jesus. Por que você simplesmente não aproveita? Eu não sei! Tenho uma esposa que é uma deusa, que transpira ambição e empatia, e uma filha que me lembra demais como eu costumava ser, cheia de amor e alegria, beijando todo mundo que encontra porque todo mundo é bom e não vai fazer mal a ela. Isto me aterroriza a ponto de eu mal conseguir funcionar. Não posso suportar a idéia de Frances se tornando o triste, autodestrutivo e mórbido roqueiro que eu virei.

Eu tive muito, muito mesmo, e sou grato por isso, mas desde os sete anos de idade passei a ter ódio de todos os humanos em geral. Apenas porque parece muito fácil se relacionar e ter empatia. Apenas porque eu amo e sinto demais por todas as pessoas, eu acho. Obrigado do fundo de meu nauseado estômago queimando por suas cartas e sua preocupação ao longo dos anos. Eu sou mesmo um bebê errático e triste! Não tenho mais paixão, então lembrem, é melhor queimar do que se apagar aos poucos. Paz, Amor, Empatia.


Kurt Cobain

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Frida Kahlo

E mais uma vez esse meu bom ou mau costume em querer sempre descobrir as coisas me levou à Frida Kahlo, essa mulher extremamente forte faz com que observemos a vida de uma nova perspectiva. Assim, descobre-se que nada é páreo para a sede de viver, as cores e os traços são só mais um meio de expressão. O sentimentalismo da obra quem põe é quem observa, e reconhecendo Frida é possível mergulhar no seu universo contextual e sentir o mesmo que sentia. As dores por ver Rivera se esvaindo junto com a sua irmã, os remédios que faziam-na esquecer os machucados e findando a sua morte, por não suportar viver pela metade, amar pela metade. Definitivamente, para Frida o muito ainda era muito pouco. Nunca expôs seus sonhos, pois já não sonhava. Tudo o que expressava era o que ela era, sempre se reconheceu a fundo e era a única que podia o fazer.



"Bebia porque queria ahogar mis penas, pero las malvadas apredieron a nadar y ora, ime abruma la decencia y el buen comportamiento!" - Frida Kahlo

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Vou sacanear!

Abra o olho quando te falarem de bolsa de valores, reforma tributária, ações, inflação e paz verde. Ninguém tá nem aí nem chegando pra o que você pensa ou deixa de pensar, essa fase existencialista está totalmente fora de cogitação, eles só querem te sacanear, manipular de verdade. Essa hipocrisia objetiva está me rasgando as entranhas, muito mais do que eu imaginava estar. Como Cazuza eu resolvi nadar contra a corrente e continuo firme na minha posição de afirmar: a minha fé é imortal. Fé de que um dia, a hipocrisia deixe de ser o motor da sociedade corrupta em que vivemos. Poderão até dizer: Você é maluca, afinal desde Cabral que aqui todo mundo rouba, mente, desmente e suborna... Mas eu vou sacanear e continuar quererendo ser ética e o escambau. Nada de amar demais, de aceitar demais e de achar graça dessa sociedade careta cheia de Hitler’s. Tá na hora da nova revolução, e da nova rebelião contra esse sistema espurco. A democracia é a máscara mais popular que utilizam pra disfarçar a ditadura capitalista.