quarta-feira, 13 de julho de 2011

Se saudade matasse, o meio copo de whisky que seguro agora cairia no chão, interminado. E o coração pararia de bater no próximo minuto. Logo eu que temo a morte, que temo que ela venha e me beije, secreta. É que ela é surpreendente, como um pesadelo no meio da noite ou um câncer que se espalha por todo o corpo. Ou até mesmo os átomos que não nascem nem morrem, só continuam estáveis, como se isso ajudasse ou salvasse. Ela pode me pegar qualquer dia, em qualquer esquina, apagar meu cigarro que acabei de acender e nem me perguntar como foi meu dia, se eu já terminei o que tinha começado ou se vou começar o que tinha pra fazer, pessoa de poucas palavras. Elegante, com vestidos longos, como se morrer fosse uma celebração. E talvez seja. Talvez seja a comemoração de uma chegada a lugar nenhum. Fogos, música alta e muitas ervas, como essas que uso hoje. Essas que meu pai deixou pra mim desde sempre, e que são proibidas por esses seres mais alienados que eu que querem dominar os menos favorecidos como eu, como se fossem donos ou deuses. Talvez a morte não seja uma má escolha pra quem não se excita mais com a vida. Talvez seja até melhor do que conviver com essa imoralidade e falsidade. Cigarros apagados, whiskys  interminados. Celebrarei a sociedade alternativa com Raul e vou dar adeus a essa torpe modernidade.

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