Eu não sei por onde (re)começar, as
vezes parece que nunca escrevi, que nunca imaginei um mundo, um destino, um
universo de cores. O semestre foi tão curto que se tornou longo, uma longitude
de angústias por ver tudo passando tão rápido. As pessoas esperam que a gente
escreva coisas, e quando a gente as escreve acreditam que precisa ser para
alguma pessoa, que tem alguém, que há de existir inspiração. Mas ao que eu
digo, são tantas dores e feridas não cicatrizadas que elas se tornam o motivo.
A alma doente, em chagas, por não poder expressar e ainda mais gritar saudade,
o motivo de as coisas terem tomado certo rumo ou qualquer coisa que seja. A
gente (re)começa a escrever pra curar essas dores. Não há motivos concretos,
sério. Você só precisa exprimir suas angústias e grande parte das vezes “magoar”
a ferida, pra que a sua cura seja mais concreta. Só que há erros, acho que não há
cura concreta para o amor, não há cura concreta pra alma ferida de um poeta. O
céu lá fora me pinta de azul, no final da tarde o pôr do sol dança e acende o
meu cigarro e é isso. Eu ainda ajudo, ponho Billie Holiday pra tocar e o copo
de conhaque não fica vazio. Por maior que seja o sofrimento, a gente tem uma
criatividade filha da mãe pra tornar ele maior ainda!
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